A médica veterinária, professora de Avicultura e de Doenças das Aves da Universidade Federal da Bahia e coordenadora do Laboratório de Sanidade Avícola da Bahia, Lia Fernandes está envolvida em uma pesquisa inédita sobre a qualidade dos ovos vendidos em carros na capital baiana. O levantamento, que está em fase inicial e deve ser concluído no meio do ano, também pretende identificar a origem desses ovos que são vendidos, geralmente, em placas de 30 unidades a R$10.
Como sou cliente do carro do ovo, conversei com Lia para saber mais sobre o produto que a cada quinzena entra na minha geladeira. Ela me explicou que está colhendo amostras dos ovos e, por isso, ainda não é possível dizer com certeza se a qualidade microbiológica desses produtos é boa. No entanto, alguns pontos já puderam ser percebidos: os carros não têm condições de manter os ovos em temperatura adequada. "E alguns vendem as placas sem informações sobre as datas de classificação e validade", disse.
De acordo com esta matéria da revista Muito, os ovos vendidos nos carros são adquiridos pelos vendedores no atacado em granjas produtoras da Bahia e de outros estados. A produção em larga escala pode justificar o preço mais baixo. Segundo Lia, se estas granjas que fornecem os ovos são registradas e fiscalizadas, o risco de haver resíduos como medicamentos e outros aditivos químicos é mínimo.
É importante lembrar que o tratamento oferecido para a galinha influencia diretamente no sabor e na qualidade do produto que o consumidor irá ingerir. Este vídeo abaixo explica de forma didática a diferença entre os tipos de ovos.
Para Lia, a maior preocupação neste momento é com o risco de contaminação entre o período em que a galinha coloca os ovos e o produto é comercializado. Os poros, sujidades ou rachaduras na casca do ovo podem propiciar a penetração de bactérias. Vale lembrar que não é porque os ovos são vendidos em carros que o risco de contaminação aumenta (afinal, os famosos food trucks conseguem manter condições ideais de preparação de alimentos). Mas, explica a pesquisadora, se os carros não estiverem limpos e higienizados, se o calor e a umidade estiverem fora do ideal para a conservação dos ovos, o risco é maior.
De acordo com a professora, o ideal é atentar para a qualidade do produto ao comprar, ver se ele está limpo e sem danos na casca. Além disso, uma dica é lavar os ovos antes do consumo. "Não é indicado colocar os ovos sujos na geladeira ou lavar os ovos de uma só vez para depois armazenar, isso expõe ainda mais à contaminação", diz Lia.
Assim que a pesquisa for defendida e lançada, conto para vocês quais foram os resultados.
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