
Voltou a circular nas redes sociais um posicionamento sobre
o óleo de coco da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e
a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica
(ABESO). Na nota, os grupos se posicionam conta o uso do produto para dietas de
emagrecimento e o uso regular como óleo de cozinha. Eles afirmam que não há
evidência de que o óleo de coco ajuda a perda de peso e que ele é rico em
gorduras saturadas e pró-inflamatórias.
Então, é hora de jogar o óleo de coco fora?
O posicionamento da SBEM e ABESO não é solitário. Pelo
contrário: o óleo de coco foi resgatado da lista de produtos não-saudáveis há
poucos anos. Por muito tempo, ele foi tratado como vilão por especialistas de
saúde e alguns deles permanecem com a mesma opinião. Nadando contra a maré,
muitos profissionais são a favor do uso do óleo em dietas equilibradas e
algumas universidades vêm comprovando benefícios do produto para a saúde.
Vamos por partes. Primeiro, alguns argumentos dos que são
contra:
“...não há qualquer evidência nem mecanismo fisiológico de que o óleo de coco leve à perda de peso (...) o óleo de coco pode ser deletério para os pacientes devido à sua elevada concentração de ácidos graxos saturados, como ácido láurico e mirístico” (nota da SBEM e ABESO).
“Ele não traz nenhum benefício, pelo contrário. É rico em gordura saturada, aumenta o colesterol e a inflamação no tecido adiposo. Quem usa óleo de coco para emagrecer, na verdade está fazendo o contrário” (Ana Maria Lottenberg, nutricionista e doutora em ciência dos alimentos pela USP, em entrevista ao Bem Estar, da TV Globo)*
“Não existe comprovação científica de que o óleo de coco emagreça ou traga esses benefícios prometidos. Muito pelo contrário, ele nada mais é do que gordura saturada, que aumenta muito os níveis de colesterol ruim no organismo, provoca aumento do nível de triglicerídeos, sobrepeso e pode trazer problemas cardiovasculares e sobrecarga hepática a quem ingerir em altas quantidades” (Rosana Radominski, presidente do departamento de Obesidade da SBEM, em entrevista ao site Mulher)
Apesar de se contra, essas entidades e profissionais
fazem ressalvas. Radominski, por exemplo, afirma que o óleo de coco pode ser
bom para o tratamento de doenças, como alterações gastrointestinais. Ainda
assim, eles defendem que é preferível o uso de outros óleos, como o de milho,
de oliva e até o de canola, que vem sendo muito atacado por ser transgênico.
Agora, vamos aos que defendem os benefícios do óleo de
coco extravirgem:
“Qualquer óleo, assim como qualquer comida consumida em excesso engorda e faz mal. Eu sou fã do óleo de coco pelas suas propriedades benéficas a saúde cardiovascular, neural, metabólica e imunológica. O óleo de coco já foi, e pelo visto ainda é crucificado por muitos profissionais da saúde pelo alto teor de gordura saturada que contém. Porém, é uma gordura saturada de ótima qualidade, rica em ácido láurico (excelente para o sistema imunológico com propriedades antivirais, antibióticas, e antifúngicas) e ácidos graxos de cadeia média (que ajudam na digestão e queima de gordura, na atividade do cérebro e a mudar o perfil do colesterol no sangue) (Bela Gil, culinarista e nutricionista pela pela Hunter College**, em sua página no Facebook)
O óleo de coco é um dos poucos alimentos que podem ser classificados como um "superalimento". Seus benefícios incluem perda de peso, melhor função cerebral, saúde da pele e muitos mais. (Kris Gunnars, médico responsável pelo site de nutrição mais acessado do mundo, Authority Nutrition)
Os dois fazem a ressalva de que o óleo de coco para
consumo deve ser sempre o extravirgem e, mesmo assim, com moderação.
Neste vídeo, a culinarista dá sua opinião sobre o óleo de coco.
Algumas pesquisas acadêmicas também têm “ajudado” o óleo
de coco:
- Uma dieta com óleo de coco extravirgem aumenta o colesterol bom (HDL) e diminui a circunferência da cintura e a massa do corpo em pacientes com doença arterial coronária. (Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil)
- Há um efeito benéfico do óleo de coco extravirgem na redução dos níveis lipídicos no soro e nos tecidos e na diminuição da oxidação de LDL. (Universidade de Kerala, Índia)
- O consumo de ácidos graxos de cadeia média [que estão presentes no óleo de coco] como parte de uma dieta de emagrecimento melhora a perda de peso em comparação com o azeite de oliva. (Universidade de Columbia e Centro de Pesquisa sobre Obesidade de Nova York, Estados Unidos)
- Uma a duas colheres de chá de alimentos riscos em ácidos graxos de cadeia média por dia aumenta o gasto energético em 5%. (Universidade de Genebra, Suiça)
- Ácidos graxos de cadeia média interage com hormônios de regulação e metabolização de gorduras, o que aumenta a sensação de saciedade. (Mc Gill University, Canadá)
Apesar das pesquisas mostrarem muitos benefícios do óleo
de coco, um dos principais pesquisadores da área, o chefe do departamento de
nutrição da Harvard School of Public Health, Walter C. Willett, afirma que
ainda não se sabe muito sobre o efeito do consumo dele em doenças cardíacas.
Por isso, indica o uso moderado do produto.
O pesquisador e professor reconhece que o óleo de coco
aumenta o colesterol bom (HDL), mas afirma que, provavelmente, ele não é a melhor
escolha entre os óleos para reduzir o risco de doenças cardíacas. “Eu não acho
que o óleo de coco é tão saudável quanto óleos vegetais como o óleo de oliva e o
óleo de soja, que são principalmente gorduras insaturadas”.
À mesma conclusão chegaram pesquisadores que publicaram
um estudo no Jornal Científico da Oxford University, no Reino Unido, no ano
passado. Eles analisaram 21 trabalhos científicos sobre o tema e concluíram
que, de acordo com as pesquisas analisadas, a substituição do óleo de coco por
gorduras insaturadas ajudaria na redução de fatores de risco para doença
cardiovascular.


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Mas o que podemos fazer diante disso?
Entre tantas opiniões e pesquisas, é fácil se perder
mesmo. Então, o que sabemos é que há uma (quase) unânime opinião: o óleo de coco demanda moderação no
consumo e ainda faltam pesquisas sobre os efeitos do produto. Vários
profissionais e instituições estão realizando esses estudos, mas, até lá, é bom
moderar mesmo!
O mais importante, no entanto, é lembrar que nenhum
produto tem superpoderes. Se quer emagrecer ou ser saudável, busque uma
alimentação equilibrada. Não tem atalho! O óleo de coco até pode fazer parte
dessa dieta – e o ideal é buscar um médico ou nutricionista para definir a
quantidade e com que frequência ele deve entrar nessa alimentação – mas se ele
não for acompanhado de um estilo de vida saudável, provavelmente não trará
grandes benefícios.
* A nutricionista foi acusada de ser parcial na
entrevista por supostamente ser contratada por uma produtora de óleo de canola,
a Cargill, mas ela rebateu dizendo que apenas escreveu textos como consultora
para o site da empresa em 2010 e 2011. A Cargill também negou que ela fosse
funcionária da empresa.
** O diploma da apresentadora do canal GNT ainda não é
reconhecido no Brasil. Ela é formada em Culinária Natural pelo Natural Gourmet
Institute e em Nutrição e Ciência dos Alimentos pela universidade americana
Hunter College.
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Você pode conferir receitas (que contém ou não óleo de coco, rs) na aba RECEITAS ali no menu superior!