sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Sobre aceitação e besteiras que a gente pensa sobre o nosso corpo

Por mais que Christina Aguilera cante que a gente é bonito, não importa o que digam, nem sempre a gente acorda se sentindo digno de quatro mil likes no Instagram. Já fui muito zoado por ser gordo (já contei sobre o meu processo de emagrecimento aqui) e acredito que esse período da minha vida influenciou muito em quem eu sou hoje. Toda vez que alguém elogia a minha aparência, automaticamente, rola uma negação dentro de mim que me faz pensar que aquela pessoa só pode ser louca. Como assim, Pedro Hijo, o brincalhão da galera, pode despertar algum desejo em alguém. Nunca.

Esse exercício de auto-aceitação é meio doido. Se por um lado eu tenho a certeza de que o certo é chutar o balde e sair por aí poderoso andando que nem Beyoncé na introdução de Crazy in Love, por dentro, eu tô que nem mulher de comercial de absorvente quando não usa Sempre Livre. Inseguríssimo.


Essa insegurança toda vem, principalmente, da minha adolescência. Numa época em que o referencial de corpo em Salvador era Xanddy do Harmonia do Samba, a minha realidade era muito diferente disso. Não me interessava por esportes, não malhava, não sabia muito sobre nada, tinha todas as inseguranças típicas de um adolescente e não tinha muitas referências físicas pelas quais eu pudesse sentir afinidade. Minha adolescência foi basicamente ser zoado enquanto comia x-frango ouvindo Avril Lavigne.

Eu fico muito feliz por ver que existe uma onda crescente de pessoas que amam seus próprios corpos e que têm orgulho de quem são. Que não sentam nos cantos, sentam na frente. Ou que sentam nos cantos, mas escolheram sentar lá, assim, por vontade própria. Isso me inspira muito, não só a ser uma pessoa melhor, mas a não reproduzir o discurso daquele que um dia me oprimiu.

Por isso, hoje em dia, eu realmente torço o nariz para manchetes com aquele discurso de "15 motivos pelos quais você nunca será Ryan Gosling", ou para perfis no Instagram que servem apenas para frustrar a gente (afinal, por mais que a gente tente, nunca será tão fácil ter um corpo saradíssimo como o muso fitness mostra parecer ser). Auto-confiança não deve servir de ferramenta para diminuir o outro.

Sou totalmente contra o discurso dessa música de Meghan Trainor, inclusive

Quanto mais a gente padroniza as pessoas, quanto mais a gente fica propagando por aí que o atleta sarado das Olimpíadas é gato, é magya, me chama, me chama agooora, mais meninos estarão se sentindo feios em frente ao espelho e com vergonha de tirar a camisa mesmo em dias de calor por não terem o corpo daquele atleta.

"Não há jeito melhor de ficar em forma do que treinar para uma prova de triathlon (esse cara diria a você)" / "Eu sou esse cara e, não, eu não diria isso"

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Você pode continuar acompanhando os meus posts por meio do Instagram. Me segue por lá @pedro.hijo.

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