No entanto, eu nunca consegui me ver naquelas páginas. Geralmente, cheias de regras, as revistas masculinas tendem a ser destinadas a um tipo ideal de homem que eu nunca fui e, por mais que eu tente, nunca serei. Nunca fui alto, nunca fui magro, nunca tive cabelo digno de usar a pomada do momento e sempre morei numa cidade que simplesmente não me permite usar blazer azul marinho num happy hour.

Expectativa X realidade
Naturalmente, fui me desinteressando pelas revistas cheias de regras e lendo mais blogs de moda feitos para pessoas comuns, que compram kit de meias na Lojas Americanas, mas que têm um mínimo de bom senso na hora de escolher as estampas.
O que acontece é que mesmo estando mais próximos da minha realidade, esses blogueiros ainda vivem num mundo paralelo em que comprar uma camiseta de 200 reais é uma pechincha e repetir roupa é algo so last season.
Eu moro em Salvador, cidade onde os homens sempre se preocuparam com a vaidade. Existem estilos que nascem aqui, crescem e viram padrão e é lindo ver como os homens baianos, em geral, se importam com o boné que usam, com o corpo que ostentam, com o sapatênis que compram, mesmo que eles estejam sendo influenciados por uma indústria que pouco se importa com essa diversidade.
O que eu vejo à minha volta é um monte de cara que liga (e mesmo que não saiba disso) o mínimo para moda e que não é reflexo fiel do que os blogueiros ou revistas masculinas tentam padronizar.
A inspiração que eu tenho da moda que eu vejo nas ruas é muito maior do que a tenho quando sigo nos feeds combinadinhos do Instagram. É mais real, barata e humana.
Em um mundo onde todo mundo parece querer produzir conteúdo, acho superimportante que a gente seja real, preste atenção no outro, tenha responsabilidade sobre a nossa influência e nossas escolhas e faça parte de uma sociedade onde o menos (realmente) é mais.
É muito importante que você saiba que você não PRECISA comprar como um louco para estar bem vestido. Moda é algo revolucionário, mas fazer parte de uma indústria que pouco se importa com o mundo é uma escolha.
Se você não parece com o blogueiro ou com o modelo da revista, não se sinta mal. Provavelmente, nem o blogueiro ou os repórteres da revista seguem todas as regras que eles mesmos sugerem.
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A inspiração deste texto veio depois de assistir a vários episódios de Além da Conta (GNT) e do documentário The True Cost (disponível na Netflix). Sugiro assistir ao último, se você se interessa por moda, criatividade e publicidade.
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