sexta-feira, 19 de agosto de 2016

É possível ser fitness sem ter neuras



Faz quase um ano que eu parei de seguir um monte de gente fitness no meu Instagram. Um bem danado que eu fiz para mim. Diz que emagreceu cinco quilos bebendo chá de hibisco, unfollow, postou foto do corpo escultural com mensagem good vibes e com shake na mão, unfollow, publicou imagem gordofóbica dizendo que a gente é aquilo que a gente come, unfollow unfollow unfollow.

A gente não precisa ser o maluco da academia para levar uma vida saudável. Na minha opinião, inclusive, ter uma vida saudável passa longe de viver um regime espartano em que a grande meta é ter um corpo escultural (a não ser que o seu trabalho dependa do seu corpo e que você esteja bem com isso, então, tudo bem).

Eu demorei muito tempo para perceber que estava concentrando grana e esforço no objetivo errado. Eu, literalmente, tinha uma pasta no meu computador com fotos de corpos de caras que eu gostaria de ter. Modelos de 1.90m que recebem rios de dinheiro para ostentarem tanquinhos em Fernando de Noronha e fazerem qualquer menino de 1.70m desejarem ter aquele abdome.

Já comprei potes e mais potes de suplemento, seguia dietas duríssimas, colocava a academia à frente de qualquer outra coisa. Se eu tinha que comer 120g de frango, eu pesava cada pratinho, não comia nem a menos e nem a mais. No que deu? Diminuí consideravelmente minha vida social, comia coisas cheias de ingredientes que eu nem sabia o que eram, vivia na neura daquilo que eu ingeria, estava sempre doente e nunca estava satisfeito com o meu corpo.

Até que depois de muitas conversas (a falta de grana ajudou também) eu notei que precisava desencanar. Essa disciplina que adquiri desde que eu emagreci (já falei sobre isso aqui) me ajudou a não soltar o freio de vez e me fez a olhar a dieta com outros olhos.


Levar uma vida saudável significa fazer boas escolhas, ter equilíbrio. Saber o que você está comendo, escolher a modalidade de esporte que você mais gosta para praticar, sair com os amigos, enfiar o pé na jaca às vezes e depois correr atrás, sem culpa. Culpa, a propósito, tá longe do vocabulário da vida saudável.


Se você ama chocolate, por que não substituir o Milka por uma versão 70% cacau? Aposto que ficará mais satisfeito e vai deixar de comer um monte de porcaria que vem junto com esses chocolates ultra industrializados. Se você adora comer besteira, por que não adapta as receitas para versões mais saudáveis? (aqui eu te dou várias receitas super simples de lanches fit muito gostosos). Se você ama ficar em casa no sofá assistindo ao Netflix, mas fica incomodado com o rendimento do seu corpo em atividades diárias banais, como subir uma ladeira ou uma escada, sai dessa! Converse com seus amigos, veja se algum deles também quer deixar a preguiça de lado e vão juntos buscar uma atividade que ambos gostem.

No fim, o grande desafio é gostar de nós mesmos, gostar dos nossos corpos, mesmo vivendo numa sociedade que está a todo momento nos ensinando que não somos capazes, bonitos ou felizes o suficiente. Mas eu acho que é aí que está a grande mudança: quando a gente consegue se amar e estar bem com nós mesmos, a gente muda o mundo (ou pelo menos inspira pessoas a fazerem melhores escolhas e gostarem de si mesmas).

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Se você quer continuar acompanhando a minha vida, você pode me seguir no Instagram @pedro.hijo

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