sábado, 31 de janeiro de 2015

Sobre comparar os nossos relacionamentos com os dos outros



Já fui desses que comparam o próprio relacionamento ao de outras pessoas. É um exercício de contemplação pessoal do que tenho ou do que tive a partir do que eu vejo. Por exemplo: quando eu via que fulano e ciclano pareciam ser muito felizes e não brigar nunca, eu me frustrava. Eu pensava: "olha só como fulano trata o namorado", daí pensava no meu namoro e imaginava "não tenho o namoro mais perfeito do mundo, esse cara não me merece". Balançando o pezinho. Se eu via um filme romântico e o cara do filme era louco pela menina e demonstrava isso a partir de cafés da manhã, mensagens fofinhas, show pirotécnico no aniversário dela, eu já sacava a minha lixa de unha enquanto ficava pensando e balançando o pezinho "pois é... tem gente que não faz isso por mim". Completamente louco.

Mas de uns anos para cá isso tem mudado. Maturidade, eles dizem. O que acontece com um casal só os participantes da dupla sabem. O que tem de gente por aí que se mata na vida real, mas no Instagram faz montagem com coraçãozinho, né? Quando eu me toquei disso (depois de muitos tropeços), a vida ficou muito mais tranquila pra mim. Em vez de eu virar o maníaco que corre atrás de um relacionamento INTENSO desses que não te deixam em paz, eu preferi colocar os pés no chão e entender que bom mesmo é o conforto da calmaria, do certo, daquilo que nos faz bem de verdade. Sobressaltos são bons, mas Deus me livre de viver eternamente em uma montanha russa. Já vivi em um relacionamento intenso assim, sei como é. Deus me livre.

Acabei de ler "Queria ver você feliz" de Adriana Falcão (livro do mês de janeiro) e, naturalmente, comparei minhas relações com a dos dois personagens do livro. O livro conta a história do amor entre os pais da autora, narrada a partir das cartas que eles trocavam (uma coisa muito linda e muito bem escrita, que você pode entender melhor aqui). A relação deles é bastante intensa, daquelas que os protagonistas, de tão afundados naquela história, mal conseguem atingir a superfície para respirar por um minuto e ENTENDER o que está acontecendo com eles. Ciúmes, cobrança, loucura, paixão. Ótimo para uns, péssimo para mim.

Com a experiência de quem tem 25 anos e ainda muita coisa para viver, posso adiantar: mais vale nadar num lago calmo do que ficar surfando num mar revolto.



Thanks, but no.