domingo, 17 de agosto de 2014
O peso de ser quem se é
Faz tempo que eu não escrevo. Na verdade, eu escrevo todos os dias. Trabalho com isso, sou jornalista. A verdade é que faz tempo que eu não escrevo sem a sensação de que tem alguém me olhando, me corrigindo. Porque trabalhar com texto é algo que demanda muita responsabilidade e às vezes você se pega em meio a uma engenharia de palavras que é mais matemática do que sentimento. Então, faz tempo que eu não escrevo assim, livremente, sem ter o compromisso de que o leitor goste daquilo, me ache foda.
Eu leio muitos blogs e parece que todos os autores são sempre muito fodas. Escrevem bem, fotografam bem, tiram a vida de letra, tem relevância na internet, ganham muitos brindes e convites e ignoram tudo isso. Porque ignorar é a parte mais cool de ser cool. É uma vida em tons de sépia, com muita foto de praia. Uma vida maravilhosa.
Eu não sou assim. Tenho uma vida muito corrida, um celular muito ruim, pego ônibus cheio, conto moeda, não me orgulho disso. Queria eu levar uma vida mais confortável, mas não a tenho. Queria eu ser chamado de foda por todo mundo, mas ignorar isso para parecer ser mais foda ainda.
Então, fiz esse blog que é pra poder escrever sem o compromisso de fazer sentido, de gerar visualizações, de encher minha caixa de comentários. É meio que um exercício terapêutico para tirar de mim a responsabilidade criada por mim mesmo de querer ser foda como todo mundo. Não sou assim, tenho um monte de erros, nem gosto de sépia. E brindes são super bem vindos, vou ficar felizão em receber.
O peso de ser quem se é
Reviewed by pedro hijo
on
8/17/2014
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